Pré-candidato a presidente pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva relembrou de obras iniciadas por Eduardo Braga no Amazonas, também pré-candidato a governador do Estado. O senador virou as costas para a candidatura de Simone Tebet, nome de seu partido cotado para a disputa presidencial, para apoiar o ex-presidente, junto com outros 10 integrantes do MDB.
Em vídeo postado nas suas redes sociais, dois dias após a manifestação de apoio de Braga, Lula relembra as construções da Arena da Amazônia, da Ponta Rio Negro, do gasoduto Coari/Manaus e do Linhão de Tucuruí, obras investigadas por desvios de verbas durante suas execuções.
Uma das obras, a ponte sobre o Rio Negro, orçada inicialmente em 575 milhões, foi terminada quatro anos após Braga assinar o contrato com o consórcio Camargo Corrêa/Construbase. Com obras realizadas entre 2007 e 2011, o valor final chegou a R$ 1.099 bilhão após receber aditivos durante os trabalhos.
Lava Jato
Citado durante as delações realizadas por investigados durante a operação “Lava Jato”, Braga teria se beneficiado com propina de R$ 1 milhão dessas obras e foi investigado em inquérito que apurou indícios de corrupção passiva, ativa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa. O inquérito foi arquivado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
As propinas teriam perdurado durante toda a passagem de Braga pelo governo, chegando também à construção da Arena da Amazônia, que aumentou a previsão orçamentária de R$ 499,5 milhões para R$ 811,5 milhões. Segundo delações realizadas ao longo da “Lava Jato” Braga e seu sucessor no governo, o também atual senador Omar Aziz, foram beneficiados com esquemas de corrupção.
Segundo um dos delatores, o ex-executivo Clóvis Primo, Braga ameaçava os empreiteiros em caaso deatraso no pagamento da propina, que foi estimada em quantias entre R$ 20 milhões a R$ 30 milhões, segundo as investigações.
Após ao STF remeter o caso para a Justiça do Amazonas, Braga afirmou ter “convicção absoluta” de que o inquérito será arquivado.
Gasoduto Coari/Manaus
Uma das obras citadas por Lula, o Gasoduto Coari/Manaus, foi uma das que mais teve diferenças entre o valor orçado – R$ 666,7 milhões – e o valor final de R$ 4,5 bilhões, chegando a quase sete vezes mais do que o inicialmente planejado.
Contruído entre 2003 e 2010, nos dois mandatos de Braga à frente do governo, as obras até hoje são subtilizadas, sem que o gás natural atenda uma parcela significativa das residências e automóveis na capital do Amazonas.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investiga os gastos, baseado em apurações iniciadas pela operação Lava Jato. Ao todo, 25 irregularidades foram apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
O Ministério Público Federal (MPF) chegou a confirmar que o as obras são “comprovadamente” envolvidas em fraudes, tanto que um diretor da Petrobrás, à epoca, foi preso durante a operação Lava Jato por receber propinas no valor de R$ 48 milhões.
Tucuruí
Campeã de gastos, a construção tinha por objetivo interligar a geração de energia à usina de Belo Monte (PA) e saiu de um orçamento previsto de R$ 16 bilhões para um total de R$ 48 bilhões, dos quais R$ 150 milhões são apontados como propinas pagas durante o processo de construção.
