Internada no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus, Tchelsy Freitas, revelou o que aconteceu na tarde desse sábado, no ramal da Comunidade São Sebastião, em Iranduba, quando seu primo, Bruno Freitas, de 23 anos, foi assassinado a tiros e ela baleada com três disparos.
“Ele bateu na traseira da moto, aí meu primo perdeu o controle e fomos pro chão. Aí ele saiu do carro e disse para eu dar meu celular para ele, mas eu joguei ele no meio do mato. Aí ele atirou primeiro no muro e apontou a arma pro meu primo. Aí eu segurei na arma dele e puxei a blusa da cara dele. Aí eu falei para Givancir! Não atira no meu primo. Aí eu fiquei na frente dele”, relatou Tchelsy.
Nesse momento a sobrevivente conta que outras pessoas saíram do carro e começaram a atirar em Bruno que estava caído no chão.
“Três pessoas, entre eles uma mulher e o jogador de futebol dono do carro saíram e começaram a atirar no meu primo. Foi quando ele atirou e pegou na minha mão e eu saí correndo para dentro do mato e ele começou a atirar. Eu ainda peguei outros dois tiros nas costas”, afirmou Tchelsy.
Até a entrevista Tchelsy não sabia da morte do primo. Ele ainda estava com vida quando ela foi socorrida para Manaus pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu.
Sindicalista devia Tchelsy
Tchelsy era funcionária da casa do sindicalista, em Iranduba, que no dia 30 de janeiro foi invadida por assaltantes que levaram aproximadamente R$ 200 mil de um cofre. Ela foi dispensada um dia antes do furto ao local.
Desde então a jovem tenta receber a dívida dos dias trabalhados. São apenas R$ 400. O valor é irrisório para uma pessoa como Givancir Oliveira, mas ele vinha adiando o pagamento, como mostram mensagens de texto e áudio trocadas entre eles até ontem, dia do crime.
“Eu mandei mensagem pra ele pedindo meu dinheiro, aí ele mandou eu ir lá rápido que ele já estava de saída. Aí eu peguei uma carona com meu primo. Chegando lá ele buzinou e o Bindá veio e me deu R$ 150, mas uma das notas de R$ 50 estava rasgada. Daí eu buzinei de novo e o Bindá perguntou o que eu ainda queria. Eu falei que somente meu dinheiro, porque eu trabalhei por completo na casa dele e não pela metade. Ele tá me fazendo de palhaça. Eu to vindo a semana todinha aqui cobrando ele. Aí eu disse que não ia ficar mas vindo atrás não e que ia procurar a Justiça”, contou Tchelsy.
Após esse momento Tchelsy montou na moto com o primo Bruno e os dois seguiram para a comunidade São Sebastião, onde a mãe dela mora. No caminho o crime aconteceu.
Bindá é funcionário de Givancir e sempre está com ele na casa.
Assalto na casa de Givancir
O assalto a casa do presidente do Sindicato dos Rodoviários aconteceu no último dia 30 de janeiro.
A residência fica na estrada de acesso a sede do município de Iranduba. É a de número 777, tem muro alto, cerca elétrica e câmeras de vigilância. Dentro há um campo de futebol, uma piscina e uma casa tipo duplex.
Tchelsy trabalhou no local até um dia antes do assalto. Ela foi dispensada pelo próprio Givancir e, durante as investigações desse crime, chegou a depor na Polícia Civil e, segundo ela, teria sido ameaçada pelo sindicalista.
“Ele disse que eu tomasse cuidado com o que eu ia falar, para não prejudicar nem a ele e nem a mim. Aí eu perguntei se era uma ameaça e ele disse que não”, revelou ela.
Família quer justiça
Enquanto Tchelsy se recupera em Manaus, hoje foi dia do velório e enterro do primo Bruno. A mãe do jovem estava revoltada e inconformada com o assassinato do filho e o ataque a sobrinha.
“Esse Givancir tem que pagar. Eu quero Justiça. Meu filho não era nenhum bandido. Ele deixou uma filha de um ano e uma esposa”, falou aos prantos Adriana de Freitas, mãe de Bruno.
A moto usada por Bruno e Tchelsy pertence a dona Adriana. Ela estava nos fundos da casa onde eles moravam, no bairro do Mutirão, em Iranduba. A Broz vermelho e preta ainda estampa as marcas da queda após ser atingida pelo carro onde estava o presidente do Sindicato dos Rodoviários.
Nem a moto e nem o celular de Tchelsy haviam sido apreendidos pela polícia até o início da tarde desse domingo.
Na verdade a cidade estava sem delegado. Na delegacia só havia um investigador de polícia e um escrivão. “A doutora Silvia Laureana não é mais delegada. Como ainda não foi nomeado um em portaria, que está respondendo é o doutor Bruno Fraga, do Departamento de Polícia do Interior (DPI)”, disse um dos policiais de serviço.
O delegado Bruno Fraga disse, por telefone, que não comentaria o caso pois estaria em segredo de Justiça.
Givancir Oliveria não foi localizado. Na casa de Iranduba não havia ninguém e na sede do Sindicato dos Rodoviários, localizado na rua Belém, no bairro Nossa Senhora das Graças, na zona sul de Manaus, ele também não foi localizado.
A assessoria de imprensa de Sindicato informou que ele irá falar em coletiva de imprensa nessa segunda-feira.