Por Isabela Bastos – Especial para o P24h
Suspeito de vazar informações sigilosas de operações ainda em andamento, o advogado Euler Barreto Carneiro foi preso na manhã desta segunda-feira (15) pelo Departamento de Repreensão ao Crime Organizado (DRCO). A prisão faz parte operação “Spy”, que investiga o advogado e um estagiário que trabalhava no escritório de Euler, por crimes como divulgação de conteúdo sigiloso, associação criminosa, dentre outros.
Conforme o diretor do DRCO, delegado Rafael Allemand, durante os trabalhos foram cumpridos quatro mandados, sendo dois de busca e apreensão e dois de prisão. Os dados eram obtidos com uma senha sigilosa que dava acesso aos processos em tramitação, mesmo que estivessem em segredo de justiça. Segundo a polícia, Euler mirava em narcotraficantes.
“Ele vendia as informações por valores altíssimos. Soubemos que em um dos casos ele recebeu R$ 40 mil por um dado que foi repassado ao criminoso Thiago Mineiro, também alvo de operação aqui no DRCO”, disse o diretor da unidade policial.
As investigações sobre o caso já duram mais de um mês. Os dados levantados também apontaram que algumas ações conduzidas pela Polícia Civil pararam de produzir provas, por conta desse repasse de informações. A Polícia Civil apura se mais pessoas estão envolvidas.
Segundo a delegada-geral Emília Ferraz as investigações sobre o caso vão continuar, sem descartar a hipótese de outras pessoas estarem envolvidas no esquema. “O advogado é o cabeça, mas pode-se descobrir a participação de outros ao longo das investigações. Outras delegacias tiveram processos sigilosos divulgados”, explicou.
Segundo a polícia, Euler era o mentor intelectual das ações mas a polícia chegou a dupla por conta dos acessos feitos pelo estagiário. Foi durante as investigações sobre o narcotraficante Thiago Mineiro que a polícia desconfiou que ele recebia informações privilegiadas. Alguns meses depois, eles chegaram ao nome do estagiário.
“Ele trabalhava na Agência de Fomento do Estado,a Afeam, e recebeu uma senha de um perfil para acessar processos de lá, mas esse perfil tinha acesso a vários outros documentos sigilosos. Quando ele foi estagiar no escritório do advogado começou a acessar esses processos sigilosos e angariar essas informações para Euler”, explicou Allemand.
O advogado responde ainda a outros processos criminais praticados contra pessoas e políticos de Manacapuru. Em setembro de 2019, ele foi condenado há oito meses e 13 dias de detenção por calúnia contra o empresário José Maria Câmara de Oliveira, conhecido como José Maria Bastos.
OAB
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Amazonas (OAB-AM), informou que na manhã desta segunda-feira foi provocada pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado para acompanhar o cumprimento da prisão do advogado Euler Barreto Carneiro. A Ordem esclarece que está atuando tão somente para garantir o cumprimento das prerrogativas da custódia do advogado, por meio da Comissão de Defesa das Prerrogativas da Ordem.
A OAB-AM informa que vai acompanhar o andamento das investigações.
