Passados quase um ano e dois meses do assassinato do engenheiro Flávio Rodrigues dos Santos, até hoje o julgamento nunca foi realizado e o principal suspeito do crime continua em liberdade. O processo se arrasta na Primeira Vara do Tribunal do Júri e muitas perguntas surgem?
Será que tanta demora assim se dá pelo envolvimento dos filhos da primeira-dama de Manaus? O judiciário está sendo leniente de propósito?
O fato é que todos os envolvidos já foram identificados e, inclusive chegaram a ser presos preventivamente, o inquérito policial já foi concluído e está nas mãos do judiciário a meses. Então qual motivo para tanta demora em julgar os réus?
Os envolvidos na morte de Flávio são os filhos da primeira-dama de Manaus, Alejandro Molina Valeiko e Paola Valeiko, além de José Edvandro Júnior, Mayc Parede e o policial militar Elizeu da Paz.
Alejandro, José Edvandro, Mayc e Elizeu são apontados pela Polícia Civil como partícipes direto do crime de homicídio e da ocultação do cadáver do corpo do engenheiro Flávio Rodrigues. O crime foi cometido no dia 29 de setembro de 2019 na casa de Alejandro. A participação de Paola ocorreu após o assassinato. Segundo as investigações, ela teria limpado a cena do crime para tentar atrapalhar o trabalho da perícia.
Mesmo com todas as provas coletadas pela investigação policial, somente dois suspeitos continuam presos preventivamente: Elizeu da Paz e Maic Parede.
Audiência adiada
Mas o novo capítulo dessa história é que a Justiça cancelou a audiência de instrução e julgamento sobre o caso, que ocorreria nesta semana. Ainda não há uma nova data para que isso ocorra.
A decisão de cancelar a audiência foi proferida na última terça-feira (17/11). Em despacho, disponível na consulta ao processo, o juiz deu a seguinte justificativa: “Recebi hoje, em vista aos autos, a fim de garantir ampla defesa, devo chamar o processo à ordem para tornar sem efeito os atos que notificaram a defesa dos acusados para a apresentação da resposta escrita, vez que, até o presente momento, não houve a juntada das mídias que estão em poder do Ministério Público. Após a juntada nos autos das referidas mídias, determino que a defesa de todos os réus seja notificada, a fim de apresentar a resposta à acusação ou ratificar as já apresentadas, no prazo de 10 (dez) dias. De outro giro, em virtude do prejuízo, determino o cancelamento das audiências de instrução que já se encontravam pautadas, devendo ser redesignadas para data a ser definida”.
Em resumo ao que disse o juiz, a audiência foi adiada porque o Ministério Público não apresentou as mídias que continham informações colocadas como importantes para as partes envolvidas e, dessa maneira, o julgamento dos acusados continuar sem data visível. Infelizmente, são os ritos processuais que a justiça tem que seguir. Agora porque essas mídias não foram anexadas ao autos a tempo é que é a questão.