Um indígena da tribo Tuxaua foi preso por queimar e manter em cárcere privado uma adolescente de 14 anos da tribo Yanomami em setembro de 2020, em uma comunidade indígena situada na zona rural de Santa Isabel do Rio Negro, município distante 630 quilômetros de Manaus, no Amazonas. A prisão foi realizada por policiais da 76ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) sob a coordenação do delegado Aldiney Nogueira, titular da delegacia, que assina o Inquérito Policial representando pela prisão preventiva do homem de 35 anos.
O suspeito é apontado com autor do homicídio após manter a adolescente indígena em cárcere privado por quase dois meses e atear fogo na jovem. De acordo com o delegado, o crime ocorreu no dia 26 de setembro de 2020, mas informações sobre o delito chegaram à delegacia somente no final de novembro do mesmo ano, por meio de um ofício do Exército Brasileiro (EB).
O delegado explicou ainda que o documento relatava que, no momento em que militares efetuavam o transporte e segurança das urnas eletrônicas naquela região, por conta das eleições municipais, quando moradores do local informaram à equipe que a adolescente estaria sendo mantida em cárcere privado pelo indivíduo, que é um líder da etnia Tuxaua, após uma tentativa de feminicídio.
Ainda conforme o titular da 76ª DIP, o acusado teria utilizado gasolina para atear fogo na vítima, que se jogou no rio para apagar as chamas. Ela ainda foi impedida de receber atendimento médico na sede do município para evitar que as autoridades competentes fossem comunicadas, motivo pelo qual o homem a manteve a adolescente em cárcere privado.
Assim que tomaram conhecimento do fato os policiais começaram as diligências investigativas. Foi solicitada ajuda da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), que auxiliaram no resgate da indígena em 24 de novembro.
Em seguida, ela foi encaminhada para Manaus, onde tratou os ferimentos e foi ouvida por uma equipe multidisciplinar da Delegacia da Mulher. Foi alegado pelo indiciado que a motivação do crime teria sido um suposto adultério, porém os trabalhos investigativos indicaram que a vítima não mantinha nenhum relacionamento afetivo com ele.
Foi constatado pelos policiais que ela nunca cedeu às investidas do acusado, que cometeu o crime pelo fato da jovem estar conversando com outro rapaz da comunidade. Com a conclusão do inquérito os policiais observaram que esse tipo de violência extrema contra as mulheres não é tradição de nenhuma das etnias indígenas presentes na região, além de que a atrocidade não tem qualquer relação com sua origem indígena.
O indivíduo foi indiciado por tentativa de feminicídio e cárcere privado, e foi representado à Justiça pela prisão preventiva dele. Para a vítima, foi solicitada a concessão de medidas protetivas para que este não possa se aproximar dela, dos seus familiares e testemunhas.