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<li>Oito policiais civis e militares foram presos em Manaus por integrar milícia que forjava flagrantes para extorquir vítimas.</li>
<li>Grupo usava coletes, balaclavas e placas frias; prejuízo a vítimas ultrapassa R$ 300 mil, segundo o Ministério Público.</li>
<li>Promotor Armando Gurgel Maia, da Proceap, conduz a investigação sobre a milícia suspeita de extorsão e sequestros.</li>
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Oito policiais civis e militares foram presos nesta segunda-feira (29) em Manaus durante a operação “Fogo Amigo”, do Ministério Público do Amazonas. A ação investiga uma milícia armada suspeita de praticar roubos, sequestros e extorsões usando a estrutura das forças de segurança do Estado.
Segundo o promotor Armando Gurgel Maia, os alvos usavam balaclavas, coletes táticos, armas longas e viaturas com placas frias para simular abordagens policiais. Eles escolhiam as vítimas com base em supostos vínculos com o crime para extorquir dinheiro e bens.
Como agia a milícia formada por policiais
As vítimas eram abordadas sob o pretexto de uma operação policial. Relatos apontam que, em alguns casos, eram levadas a locais isolados, sob coação, para que entregassem dinheiro ou armas.
Entre os casos investigados estão:
- Extorsão de R$ 200 mil, joias e armas de uma residência;
- Subtração de R$ 100 mil via golpe com celular da vítima;
- Pagamentos de “resgates” de até R$ 20 mil por familiares;
- Disparos contra veículo de vítima que tentou fugir de uma emboscada;
A investigação começou após uma abordagem à luz do dia no bairro Flores, em 14 de fevereiro, ter sido filmada e divulgada na imprensa.
Investigações indicam uso de estrutura da Força Tática
Dos oito policiais presos, quatro pertencem à Força Tática da Polícia Militar, tropa especializada em ações de combate ao crime organizado. O próprio comandante da PM do Amazonas, coronel Klinger Paiva, comentou a operação.
“Eles não representam nossa tropa de mais de 8.500 homens. Trabalhamos para retirar maus policiais de circulação”, declarou o comandante.
Segundo Klinger, os envolvidos podem ser demitidos tanto em decorrência dos processos judiciais quanto por procedimentos administrativos internos. A Diretoria de Justiça e Disciplina já está atuando no caso.
Ministério Público identificou padrão nas abordagens
O promotor Armando Gurgel detalhou que o grupo utilizava métodos que simulavam operações oficiais, com armamento pesado e trajes camuflados. A abordagem era feita de forma a intimidar as vítimas, que só prestaram depoimento após acolhimento especializado pelo MP.
O grupo é acusado de:
- Formação de milícia armada;
- Extorsão qualificada;
- Sequestro mediante ameaça e violência;
- Abuso de função pública.
As ações envolviam ainda invasões domiciliares e uso de força para simular flagrantes e justificar as abordagens. Um dos casos relatados envolveu a tentativa de forjar a prisão de um comerciante para extorquir seu irmão, suspeito de envolvimento com tráfico.
Repercussão e próximos passos
O caso causou forte repercussão nas forças de segurança. A Polícia Militar afirmou que colabora integralmente com as investigações. Já o Ministério Público deve apresentar novas denúncias nos próximos dias, com base em relatos de outras vítimas que se apresentaram após a deflagração da operação.
A operação “Fogo Amigo” teve apoio da Corregedoria da PM, da Delegacia-Geral e do GAECO, e pode ser ampliada com novas diligências e prisões preventivas.
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