Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, delegados da Polícia Civil que participaram e organizaram a operação que terminou com 25 mortos na favela do Jacarezinho disseram que a ação foi planejada de acordo com os protocolos definidos pelo Superior Tribunal Federal, mas que não comemora o resultado devido o grande número de mortes. Esta foi a ação mais letal das polícias do Rio de Janeiro.
A operação foi montada após a Justiça determinar a prisão de 21 pessoas acusadas de tráfico de drogas. Dos mandados de prisão, três foram cumpridos e outros três procurados acabaram mortos durante os confrontos. Outros três suspeitos foram presos, totalizado seis detenções durante a ação.
A operação da Polícia Civil no Jacarezinho teve como alvo uma organização criminosa que atua na comunidade e que seria responsável por homicídios, roubos, sequestros de trens da SuperVia e o aliciamento de crianças para atuarem no tráfico local. A ação foi chamada de Exceptis e é coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
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Não comemoramos esse resultado. “Ene” armas foram apreendidas. Não vamos nos furtar. Não é razoável supor, que crianças sejam aliciadas pelo tráfico. Eles aliciavam filhos de trabalhadores. Para fazer uma operação dessa , fizemos muitos planejamentos e seguimos ós protocolos. Foram 10 meses de investigação. O resultado de hoje fala por si só. Criminosos fora de circulação e muitos armamentos aprendidos. Mas, não há o que se comemorar pela quantidade de mortes.
Rodrigo Oliveira, delegado titular da DPCA
Oliveira detalhou em partes os papéis que os traficantes passavam para os menores:
— O aliciamento era feito para fazer pequenos serviços e até chegar na gerência do tráfico. A abordagem era feita na rua, já que as crianças estavam fora de aula na pandemia. Não temos a pretensão de dizer que o trágico e o aliciamento vai parar e outras operações virão.
Os policiais também defenderam o uso de helicópetros pois “diminuem a quantidade de tiros”. O titular do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) Felipe Curi explicou que a investigação durou mais de dez meses e encontrou outros crimes, como sequestros-relâmpagos:
— Por mais dez meses a DPCA investigou essa comunidade e a especializada estava fazendo uma investigação a cerca dos traficantes que aliciam os menores. A investigação não era só pelo tráfico mais também em vários crimes conexos. Descobrimos uma série de Crimes praticados. Aliciamento de menores, sequestro de trens, homicídios de pessoas executados pelo tribunal e eles somem com os corpos e proíbem as famílias de fazerem o registro. Ali eram vários crimes. Esses marginais, com armas emprestadas, saiam do Jacarezinho e sequestravam pessoas na Zona Sul e traziam para dentro da favela e faziam saques. Vários crimes fomentados por eles — explica
Operação no Jacarezinho tem data apreensão
No total foram apreendidas seis fuzis, uma sub-metralhadora MP5, 16 pistolas, 12 granadas e até munição anti-tanque — que seria usada pelos criminosos como demonstração de força para a disputa de poder com outras facções. Dos 24 mortos, um era policial civil e morreu após ser baleado enquanto tentava desmontar uma barricada.
— O falecimento do colega se deu no começo da operação. A comunidade estava com barricadas e a equipe foi obrigada a desembarcar. Foram até o final do beco e tinham uma barricada, nesse momento aconteceu a execução do policial. Ele foi socorrido mas não sobreviveu — explicou Oliveira.
Durante a operação diversas denúncias sobre a ação dos policiais dentro da favela começaram a surgir. O Ministério Público vai abrir investigação independente e a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara vai pedir explicações À Polícia. Na coletiva, os delegados afirmaram que não há receio das investigações e tudo foi feito dentro da lei. A perícia da Divisão de Homicídios foi acionada e todos os locais foram analisados.
— Fomos lá para garantir o direito da população e cumprir as ordens judiciais. A única execução foi do policial. As outras mortes que acontecerem foram de criminosos que atacaram a polícia. — afirmou o delegado Felipe Curi.
A reportagem é do jornal Extra com foto de Fabiano Rocha, da agência O Globo.
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