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Ministro determina prisão domiciliar para Crivella

por Raphael
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A estadia de Marcelo Crivella (Republicanos) nas dependências de um presídio do Rio de Janeiro durou poucas horas. Preso na manhã desta terça-feira (22), o agora prefeito afastado da capital fluminense teve aceito o pedido de habeas corpus impetrado por seus defensores. Agora, Crivella ficará em prisão domiciliar, conforme decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, ainda na noite de terça-feira. O ministro decidiu por colocar em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, o prefeito do Rio. A nove dias de deixar o cargo, Crivella foi preso acusado de chefiar o “QG da Propina” instalado no Executivo carioca.

Martins é o ministro responsável pela análise dos casos considerados urgentes durante o recesso do STJ, que já começou. Por este motivo, coube a ele a decisão sobre o destino do prefeito.

“Não obstante o juízo tenha apontado elementos que, em tese, justifiquem a prisão preventiva, entendo que não ficou caracterizada a impossibilidade de adoção de medida cautelar substitutiva menos gravosa”, observou Martins.

Conforme informações repassadas em coletiva após a operação, a investigação aponta que ao menos R$ 53 milhões teriam sido arrecadados pelo esquema. Além de Marcelo crivella, oito pessoas foram alvo de pedidos de prisão preventiva, incluindo o empresário Rafael Alves, apontado como operador. Ao todo, a denúncia atingiu 26 investigados. Os crimes imputados são corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O Ministério Público (MP)afirmou que, mesmo após duas operações policiais, o esquema foi mantido. As ações cumpriram mandados de busca e apreensão neste ano em endereços de Crivella, de Alves e outros acusados. O Ministério Público justificou a prisão neste momento com o argumento de que o prefeito ameaçava as investigações. Um exemplo utilizado para ilustrar o comportamento do prefeito foi ele ter fornecido um telefone celular que não era o seu quando foi alvo de buscas em setembro. A farsa foi identificada pelo MP após analisar dados do aparelho. Isso foi tido como uma forma de tentar atrapalhar as investigações.

De acordo com os representantes do MP, o tamanho do material investigativo também favoreceu a denúncia neste momento.

“Tivemos uma investigação que se desenvolveu desde 2018, com dois teras de tamanho. Imagina se a gente espera o dia 1º de janeiro e entrega toda a investigação para um promotor de primeiro grau”, afirmou o subprocurador-geral de Justiça Ricardo Martins, referindo-se à perda de foro. “O errado seria ter empurrado com a barriga e deixado para um colega desenvolver sozinho uma denúncia dessa. Não teve nenhum cunho político, não temos nenhum viés político nessa história.”

A Promotoria levou em consideração o momento entre o período eleitoral, no qual Crivella era candidato à reeleição, e o fim de seu mandato, que levaria à perda do foro a que tem direito como prefeito, o que mudaria toda a competência do caso. Em ambos os casos os promotores receberiam críticas.

Crivella se disse vítima de perseguição política, sem explicar quem teria interesse na sua detenção. “Lutei contra o pedágio ilegal, tirei recursos do Carnaval, negociei o VLT, fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro”, alegou ele na Cidade da Polícia.

Também foram alvo de pedidos de prisão preventiva o ex-senador Eduardo Lopes, que está foragido, o ex-tesoureiro de Crivella Mauro Macedo, o delegado aposentado Fernando Moraes e outros envolvidos no esquema. Entre os denunciados, está também o marqueteiro Marcello Faulhaber – que, na última eleição, trabalhou na campanha de Paes.

 

Foto: Estefan Radovicz / O Dia

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