Apesar das inúmeras reclamações de moradores sobre a violência dos policiais militares dentro da invasão Monte Horebe, na zona norte, o que nossa reportagem viu, nessa terça-feira, dia 3, foi um trabalho pacífico das equipes policiais.
Nós conseguimos furar o bloqueio policial e passamos mais de duas horas em um barraco observando a ação de demolição sem que a PM soubesse de nossa presença no local.
O que se viu foram moradores revoltados com a demolição dos barracos.
Mas tinham pessoas que consideraram o trabalho muito tranquilo. “Eles demoliram a casa da minha vizinha mas me trataram super bem. Foram educados e me disseram para ir fazer o cadastro. Se tiver uma moradia mais digna, eu vou aceitar”, disse a dona de casa Babi Fonseca.
“O balanço dessa ação social, com apoio do Sistema de Segurança Pública, foi excelente. Não tivemos nenhum incidente”, disse o secretário de segurança Louismar Bonates, em entrevista coletiva.
‘Sabadeiros’ e ‘domingueiros’
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), há 10 meses o serviço de inteligência vem fazendo levantamentos dentro da invasão. Foi assim que eles descobriram que, de fato, somente mil famílias vivem efetivamente no local.
Inclusive, enquanto estávamos dentro da invasão, na manhã de hoje, vários moradores confirmaram que no local há os chamados “sabadeiros” e “domingueiros”. São pessoas que vão para a invasão somente aos sábados e domingos, mantendo os barracos vazios durante a semana.
Dentro da Monte Horebe também encontramos pessoas que se recusam a fazer o cadastro, justificando que se saírem para a escola onde está sendo feito o cadastramento, o trator vai demolir suas casas.
Na verdade, são pessoas que já foram beneficiadas por outros projetos habitacionais do Governo do Estado, mas que venderam suas moradias ou estão tentando obter uma nova, o que não é permitido pela legislação. Esse levantamento também foi feito pelo Estado.
Segundo a SSP, 300 barracos sem moradores foram demolidos somente nessa segunda-feira, dia 2.
Viver Melhor
Depois que o vice-governador Carlos Almeida anunciou que o próximo alvo do trabalho do Governo será o residencial Viver Melhor, rapidamente moradores já organizaram uma manifestação.
O conjunto habitacional tem vários registros de moradores expulsos por traficantes. E o que o Governo do Estado quer é devolver as moradias para quem realmente precisa.
Em relação as moradias, 70 pessoas aceitaram a proposta do Governo e já deixaram a invasão para receber o auxílio-aluguel no valor de R$ 600.