Onze policiais militares, incluindo o ex-secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, e o ex-comandante-geral da PM, coronel Airton Norte, viraram réus na Justiça Federal. Eles são acusados de envolvimento no chamado Massacre do Rio Abacaxis, que aconteceu em agosto de 2020.
A ação ocorreu entre os municípios de Borba e Nova Olinda do Norte, no Amazonas. O caso deixou oito mortos, entre eles indígenas e ribeirinhos. Também há denúncias de tortura, sequestro, invasões de casas e ocultação de cadáveres.
Massacre do Rio Abacaxis: o que aconteceu
O massacre ocorreu durante a operação “Lei e Ordem”, realizada pela Polícia Militar e pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os crimes foram cometidos sob o pretexto de combate ao tráfico de drogas.
Mas, de acordo com as investigações, a real motivação foi vingança pela morte de dois policiais dias antes. As vítimas foram executadas sem chance de defesa. Um dos corpos nunca foi encontrado.
Entre os mortos estão:
- Dois indígenas da etnia Munduruku
- Quatro membros de uma família ribeirinha
- Um morador tradicional da região
Réus por homicídio, tortura e ocultação de cadáver
A Justiça aceitou três denúncias do MPF contra 11 investigados. Eles vão responder por homicídio qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver.
Confira a lista dos réus:
- Louismar de Matos Bonates
- Ayrton Ferreira do Norte
- Valdemir Pereira Junior
- Thiago Dantas Pinto
- Pompílio Henrique de Lima
- Ézio Ranger Peres Pimentel
- Josias Seixas de Brito
- Jefferson Diógenes Castro de Souza
- Paulo Henrique Reis da Costa
- Jackson de Sousa Machado
- Aldo Ramos da Silva Junior
O MPF pede a condenação dos acusados, a perda dos cargos públicos e o pagamento de R$ 500 mil por família de vítima como reparação por danos morais.
Mais denúncias contra PMs e civis
Além das ações principais, outras denúncias foram apresentadas:
- Homicídio qualificado, tortura e fraude processual: cinco PMs são acusados de matar um ribeirinho pelas costas e simular legítima defesa.
- Tortura: três PMs teriam torturado o presidente de uma associação ribeirinha para obter informações.
- Fraude processual: donos de um hotel viraram réus por apagar imagens de câmeras que mostrariam tortura.
As ações também afetaram diretamente a vida de indígenas e ribeirinhos. Segundo o MPF, houve bloqueio de circulação, falta de acesso à saúde e alimentação, tudo em meio à pandemia de Covid-19.
Até o momento, as defesas dos acusados não foram localizadas para comentar o caso.