Rio de Janeiro (RJ) – A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram nesta quarta-feira (24) a Operação Blasfêmia contra um esquema de estelionato religioso que atuava via telemarketing em todo o país.
Segundo as investigações, o grupo prometia curas e milagres em troca de dinheiro. Fiéis chegaram a pagar até R$ 1.500 por supostas bênçãos. Em dois anos, o esquema movimentou ao menos R$ 3 milhões.
Pastor é apontado como chefe do esquema
O principal alvo da operação é Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido como Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini. Ele foi encontrado em casa, em um condomínio na Barra Olímpica, e resistiu a abrir a porta para os policiais.
Após ameaça de arrombamento, os agentes entraram e apreenderam computadores, celulares, documentos e dinheiro em espécie. Uma pistola dourada também foi localizada, mas estava legalizada.
Justiça bloqueia contas e impõe tornozeleira
A Justiça determinou bloqueio de contas bancárias, sequestro de bens e o uso de tornozeleira eletrônica por Santini. Ele alegou estar sendo vítima de perseguição religiosa e disse atuar como pastor há mais de 10 anos.
“Essa organização criminosa em nada tem a ver com um culto religioso. A intenção era arrecadar dinheiro e enganar os fiéis”, afirmou o delegado Luiz Henrique Marques, da 76ª DP (Centro de Niterói).
23 pessoas viram rés por diversos crimes
Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas e agora respondem por estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de prisão.
Como era o esquema
Com 9 milhões de seguidores nas redes sociais, Santini divulgava vídeos de mensagens religiosas com números de telefone e links para grupos no WhatsApp.
“Santini fazia gravações previamente editadas, e quando o fiel entrava em contato achando que estava falando com ele e pedia orações para uma enfermidade específica, entrava esse áudio. Ao final, era sempre pedida uma contribuição”, descreveu o delegado.
Essas “doações espirituais” eram via PIX e variavam entre R$ 20 e R$ 1.500, conforme o tipo de oração oferecida.
O grupo operava a partir de escritórios de telemarketing em Niterói e São Gonçalo, onde pelo menos 70 atendentes simulavam ser Santini. “O profeta Santini, visando a aumentar a arrecadação, contratou pessoas sem nenhuma experiência religiosa para se passar por ele pelo WhatsApp”, disse o delegado.
Esses funcionários eram contratados em plataformas on-line e recebiam comissões conforme o volume arrecadado. Documentos apreendidos revelam metas rígidas de desempenho e até dispensas por baixa arrecadação.
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