A Polícia Federal, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO do MPSP) de São Paulo e a Receita Federal deflagraram, nesta terça-feira (12), a Operação Hinsberg, que tem como objetivo reprimir e desarticular organização criminosa que desviou produtos químicos para produção de drogas como o crack.
Segundo os investigadores, o principal alvo é a empresa Anidrol, uma indústria química que fica em Diadema, na Grande São Paulo, e tem como sócio o influenciador fitness Renato Cariani.
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Outro suspeito é Fabio Spinola, que já foi preso por envolvimento nesse tipo de crime em operação da PF no Paraná. Na casa dele foi encontrado mais de R$ 100 mil em espécie. De acordo com a PF, ele seria o intermediador entre a indústria química e os produtores da droga.
Mais de 70 policiais federais estiveram nas ruas para dar cumprimento à 18 mandados de busca e apreensão em endereços situados em São Paulo, Paraná e Minas Gerais. As investigações revelaram que o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando “laranjas” para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais, vítimas que figuraram como compradoras.
Ainda segundo a PF foram identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação da organização criminosa, totalizando, aproximadamente, 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), o que corresponde à mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo.
As investigações revelaram, ainda, que os envolvidos empregavam diversas metodologias para ocultar e dissimular a procedência ilícita dos valores recebidos, tais como interpostas pessoas e constituição de empresas fictícias.
As pessoas relacionadas aos fatos investigados responderão, cada qual dentro da sua esfera de responsabilidade, pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro. Combinadas, podem ultrapassar 35 anos de reclusão.
O nome da operação faz alusão a Oscar Hinsberg, químico que percebeu a possibilidade de converter compostos químicos em fenacetina. Tal substância foi o principal insumo químico desviado.
Histórico
A investigação começou em 2022, depois que uma empresa farmacêutica multinacional avisou a PF de que havia sido notificada pela Receita Federal sobre notas fiscais faturadas em nome dela com pagamento em dinheiro não declaradas.
A farmacêutica alegou que nunca fez a aquisição do produto, que não tinha esses fornecedores e que desconhecia os depositantes.
A partir de tais informações, a Polícia Federal iniciou a investigação e identificou que entre 2014 e 2021 o grupo emitiu e faturou notas em nome de três empresas grandes de forma fraudulenta: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica.
A PF pediu prisão dos envolvidos, o Ministério Público foi favorável, mas a Justiça negou.