Em meio a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e em seu último ano de mandato, o ex-prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), resolveu adotar a ‘velha política’ e gastar mais de R$ 22 milhões em obras, algumas delas, como é o caso do Complexo Viário Professora Isabel Victoria, no bairro Manôa, zona norte de Manaus, seguem inutilizadas por falta de acabamento. Sem poupar esforços e nem se preocupar com a atenção básica de saúde, o que deveria ser sua prioridade, Arthur construiu paradas de ônibus que estão interditadas e iniciou reformas de terminais de integração.
De acordo com levantamento feito pelo site O PODER, Arthur Neto gastou R$ 22.373.531,59 em obras que ainda estão em andamento nas zonas centro-sul, oeste e norte. Com este valor, ele poderia ter construído pelo menos um hospital de média complexidade com mais de 100 leitos para pacientes de Covid-19. Aliás, Manaus é a única capital do Brasil não tem gestão plena de saúde, que não tem um hospital municipal público, conforme denunciou o atual prefeito, David Almeida.
Porém, na oportunidade, o ex-prefeito tecia críticas aos adversários políticos e não se preocupou com as mais de 5 mil mortes que aconteceram no Estado, somente em 2020, por conta da pandemia. Ao terminar o mandato de 8 anos como prefeito, passou então a atacar o governador Wilson Lima (PSC) pelas redes sociais.
Dados obtidos pela equipe d’O PODER, revelam que a Estação de Transferência da Arena da Amazônia, na Avenida Constantino Nery, na zona centro-sul, está custando aos cofres públicos R$ 7.346.425,77; a estação do Conjunto Santos Dumont chega ao montante de R$ 5.819.848,35; a estação do Conjunto Parque das Nações, no valor de R$ 6.150.068,79 e a reforma do Terminal de Integração 3 (T3), chega a R$ 3.057.188,68.
Hospital de campanha
Na tentativa de ‘limpar sua barra’, Arthur criou um hospital de campanha para Covid-19, em parceria com a iniciativa privada – com quem brigou –, e desmontou a unidade após pouco mais de dois meses de funcionamento.
Informações obtidas no Portal da Transparência da Prefeitura de Manaus, revelam que essa unidade de saúde funcionou de abril a junho de 2020, ocupando o prédio do Centro Integrado Municipal de Educação (Cime), no bairro Lago Azul, zona norte da capital.
Ainda segundo o Portal da Transparência, 757 pessoas deram entrada na unidade de saúde, sendo que 611 pacientes de Covid-19 foram recuperados pelos mais de 350 profissionais de saúde que passaram pela unidade.
A Prefeitura de Manaus informou que o material utilizado no hospital foi distribuído entre as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade. O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) questiona, por meio de um inquérito, o ex-prefeito Arthur Neto onde foram parar esses materiais até então distribuídos igualmente.
Gastos e doações
Até dezembro de 2020, fim da gestão de Arthur Neto, a Prefeitura de Manaus havia empenhado R$ 232 milhões em despesas relacionadas ao enfrentamento de Covid-19. O Governo da França chegou a doar para a capital amazonense R$ 2.855.941 diretamente para o Fundo Municipal de Saúde e Fundo Manaus Solidária (FMS), este último que era comandado pela esposa do prefeito, Elizabeth Valeiko.
Obras paradas
Ainda de acordo com dados do Portal da Transparência, por meio do GEO-OBRAS, O PODER descobriu que Arthur Neto deixou mais de 100 obras em andamento para a atual gestão finalizar.
Nesta terça-feira (16), o vice-prefeito de Manaus e secretário de Obras, Marcos Rotta publicou em suas redes sociais que está buscando resolver o mais rápido possível a questão do corredor viário da Avenida Constantino Nery.
Ele ressaltou, ainda, que as equipes da prefeitura “trabalharão para dar às plataformas o padrão de segurança exigido pelo prefeito para os motoristas e usuários, solucionando mais este problema deixado por maus gestores e que tanto prejudica os cidadãos manauaras”.