Nesta quinta-feira (6/7) o dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa morreu, aos 86 anos, em São Paulo. Ele estava internado desde terça-feira (4/7), após sofrer queimaduras causadas por um incêndio no apartamento em que morava, em Paraíso (SP). A informação foi confirmada pelo Teatro Oficina, companhia fundada por Zé Celso em 1958.
Zé Celso dormia quando o incêndio começou — a suspeita é de que um problema no aquecedor do apartamento teria desencadeado o fogo. Ele foi socorrido pelo marido e, posteriormente, foi levado ao hospital por uma ambulância. Lá, foi intubado imediatamente por estar em estado grave — 53% do corpo do dramaturgo foi queimado pelas chamas.
Além de Zé Celso, estavam também no apartamento Marcelo Drummond, marido do dramaturgo, Victor Cor-De-Rosa e Ricardo Bittencourt, amigos do casal. Eles não sofreram queimaduras graves, mas seguem em observação no hospital.
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O dramaturgo, que nasceu em Araraquara, interior paulista, em 1937, é conhecido pela maneira excêntrica e ousada de montar suas peças de teatro e provocar e interagir com a plateia. Fez história ao criar uma arte experimental, política e sensorial, que sempre dialogou com seu tempo e outras manifestações artísticas, como a música, a poesia e o audiovisual.
Em junho deste ano, Zé Celso se casou com Marcelo Drummond, de 60 anos. Usando ternos brancos, o casal oficializou a relação de quase 40 anos em uma cerimônia no Teatro Oficina Uzyna Uzona, sede da companhia teatral criada pelo dramaturgo na região central de São Paulo.
Zé Celso iniciou a carreira no final da década de 1950 com duas peças de sua autoria: “Vento Forte para Papagaio Subir” e “A Incubadeira”. Sua influência artística foi além dos palcos, aparecendo também em obras do cinema, como “O rei da vela” e “25”.
O encenador é um dos mais conceituados e premiados do país e revolucionou o teatro brasileiro com seus longos e dionisíacos espetáculos, compostos de grandes coros, reflexões, provocações e poesias.
O diretor lutou por toda sua vida contra a LGBTfobia. Além de homossexual assumido, Zé lidou com o assassinato do irmão Luís Antônio Martinez Corrêa, em 1987, morto com 107 facadas por ser gay. Na época, com a ajuda das atrizes Fernanda Montenegro, Marieta Severo e Marília Pêra, entre outras, o diretor conseguiu que o caso fosse investigado e o assassino preso.
Zé Celso também era um grande entusiasta do Parque do Bixiga, projeto que prevê a criação de um parque no entorno do teatro onde a companhia atua. O terreno, de propriedade de Silvio Santos, ficou em disputa por mais de quatro décadas.