O guru espiritual Adir Aliatti foi condenado por crimes de tortura, estelionato, curandeirismo, racismo, abuso infantil, violência sexual mediante fraude e trabalho escravo, durante sua liderança da comunidade Osho Rashana, localizada em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Integrantes denunciaram abusos físicos, psicológicos e financeiros, iniciando uma investigação que revelou mais de 40 vítimas e prejuízo financeiro superior a R$ 4 milhões. A seita funcionava em um sítio de 42 hectares, com práticas marcadas por manipulação, coerção e violência.
Práticas e crimes relatados na seita
A Polícia Civil constatou que Aliatti impunha regras rígidas, promovia isolamento social, inclusive de menores, e utilizava métodos terapêuticos não reconhecidos. Foram identificados episódios de “cura gay”, discriminação racial e de gênero. Uma ex-integrante relatou que foi agredida com cinta até apresentar uma memória falsa.
Além disso, a comunidade vendia produtos orgânicos e agendas em Porto Alegre, mas o dinheiro era, segundo depoentes, desviado pelo líder para uso pessoal, inclusive empresas próprias, viagens de luxo e apostas online.
Desvios milionários e impacto financeiro
As investigações indicam que o guru espiritual teria desviado até R$ 20 milhões. O patrimônio era diluído em movimentações financeiras confusas, dificultando o controle por parte dos integrantes.
Testemunhas calcularam gastos individuais de até R$ 100 mil em terapias e pacotes de imersão, que custavam entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. Os membros ainda pagavam mensalidades para viver na seita.
- R$ 4 milhões em prejuízo identificado nas contas recentes
- Mais de 20 pessoas prestaram depoimento à polícia
- Dinheiro era utilizado em bens particulares, viagens e apostas
Coerção, tortura e chantagem emocional
Os relatos mostram que Aliatti e outros líderes utilizavam informações íntimas obtidas em “terapias” para coagir os seguidores a permanecerem no grupo e contribuírem financeiramente. Frases como “é por isso que tua vida não dá certo” eram usadas para manipular emoções e garantir o controle do grupo.
Ex-moradores denunciaram também tortura psicológica e patrimonial, com consequências permanentes à saúde mental e financeira das vítimas.
Defesa do acusado
O advogado de Aliatti declarou que a defesa ainda não teve acesso ao relatório policial e que aguardará manifestação do Ministério Público antes de ações judiciais. Destacou ainda a confiança na justiça e a manutenção do direito ao contraditório e à ampla defesa.
Consequências para a comunidade e para as vítimas
Muitas vítimas relatam sequelas emocionais, sonhos destruídos e dificuldades de retomar a vida após a convivência com o guru espiritual. O caso levanta alertas sobre o risco de exploração em comunidades fechadas e a importância de acompanhamento institucional.
Aliatti segue sob medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, enquanto o Ministério Público avalia novos processos criminais relacionados ao caso.
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