Sávio Soares Rol, de 24 anos, ficou apenas 24 horas preso. Ele foi solto no início da noite dessa sexta-feira, dia 28, durante audiência de custódia realizada no Fórum Enoch Reis, no Aleixo, na zona centro-sul de Manaus. Sávio alegou ao juiz ter sofrido violência durante sua prisão.
O suspeito foi preso em flagrante nessa quinta-feira, dia 27, após alugar um apartamento num esquema que, segundo a polícia, era fraudulento, e ter lesado em quase R$ 180 mil cerca de seis pessoas em Manaus.
Tudo foi acompanhado e filmado e, em nenhum momento, é possível ver qualquer ato de violência dos policiais do 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
O juiz James Oliveira dos Santos analisou apenas as questões pertinentes a prisão de Sávio e considerou que ele não tinha nenhum outro inquérito tramitando na Justiça do Amazonas, ou seja, oficialmente é considerado réu primário e declarou ter endereço fixo.
Sávio pagou uma fiança de R$ 1.045 reais e ganhou o direito de responder aos crimes investigados pela polícia em liberdade.
Vítimas revoltadas
Assim que souberam da notícia da soltura de Sávio, as vítimas dele se manifestaram.
O assistente social Diones Carvalho, de 39 anos, que ajudou a polícia a prender Sávio em flagrante e que, segundo o delegado Guilherme Torres, foi ameaçado pelo suspeito dentro da delegacia, classificou a decisão como um “absurdo”.
“Como pode isso? Ele nos engana, ameaça e sai pela porta da frente impune? Que Justiça é essa?”, reclamou Carvalho, prometendo buscar meios de se proteger, uma vez que ele foi ameaçado por Sávio.
“Se algo me acontecer, a culpa é dessa Justiça que beneficia mais o bandido do que o pai de família”, disparou o assistente social.
O publicitário de 47 anos que foi uma das vítimas da locação do apartamento no condomínio Ilhas Gregas se disse decepcionado com a Justiça do Amazonas. A revolta dele foi maior ao saber o valor estipulado de fiança.
“Só de mim ele roubou R$ 1.700 e pagou menos de R$ 1.100 de fiança. Ou seja, eu paguei a fiança dele. A polícia prende e a Justiça faz a parte dela”, ironizou.
Para o advogado Moisés Elias da Silva, que perdeu mais de R$ 30 mil para Sávio, a decisão poderia ter sido outra, ou seja, de manter o suspeito preso.
“O delegado reforçou a peça do flagrante com todos os boletins de ocorrência já registrados contra ele que virariam inquérito, além disso foi citado que ele ameaçava as pessoas, então eu acho que deveriam ter segurando”, opinou o advogado vítima de Sávio.
Juiz e promotor
A audiência de custódia de Sávio Soares Rol foi realizada pelo juiz James Oliveira dos Santos. Ele determinou que Sávio não se aproxime das vítimas que o acusam de estelionato, não deixe Manaus e não frequente bocas de fumo ou similares.
Além disso, ele terá que se apresentar frequentemente no Fórum e frequentar um programa de ressocialização.
Até o promotor de justiça Evandro da Silva Isolino acatou a liberação provisória do suspeito.
Prisão preventiva
Segundo fontes que tiveram acesso ao trabalho interno das equipes do 19º DIP, se o delegado Guilherme Torres tivesse solicitado a prisão preventiva ou mesmo temporária de Sávio, a justiça teria concedido.
Acontece que o delegado não teve tempo para elaborar o pedido.
O flagrante da prisão de Sávio só foi concluído tarde da noite de quinta-feira. O pedido de prisão preventiva só seria elaborado na manhã dessa sexta, mas Torres foi convocado para uma reunião na sede da Delegacia Geral, no bairro Dom Pedro, na zona centro-oeste.
Como o delegado passou a manhã nesse evento burocrático da Polícia Civil e sua delegacia não possui delegado adjunto, o pedido ficou parado.
Diante disso, quando Sávio foi submetido a audiência de custódia e acabou alegando ter sofrido “ato de violência no momento de sua prisão por parte dos policiais”, o juiz acreditou e o colocou em liberdade.