O lateral-direito Márcio Almeida de Oliveira, o Marcinho, de 24 anos, confirmou que era o motorista do carro que atropelou um casal deixando um homem morto e uma mulher gravemente ferida, na noite de 30 de dezembro, na avenida Lúcio Costa, no Recreio dos Bandeirantes, bairro na zona Oeste de Rio de Janeiro. As declarações foram repassadas à polícia na tarde desta segunda-feira (4), durante depoimento na 42ª DP, que investiga o ocorrido. O atleta fugiu sem prestar socorro.
Além de Marcinho, o pai do atleta e também empresário, Sérgio Lemos de Oliveira, também foi ouvido. Segundo o delegado Alan Luxardo, que comanda o inquérito, ambos afirmaram que o jogador trafegava a 60 km/hm, limite de velocidade da via, e negaram que Marcinho houvesse ingerido bebida alcoólica. O colisão teria ocorrido durante uma tentativa de desviar de uma das vítimas.
Sobre a fuga, sem prestar socorro, do local do acidente, o advogado do jogador afirmou que ele teve medo de ser agredido ao perceber que se iniciava uma aglomeração em torno do veículo. Segundo o advogado, a atitude foi motivada por causa de ameaças que Marcinho receberia, já há algum tempo, de torcedores do Botafogo, clube onde tinha contrato até 31 de dezembro, um dia após o acidente . Ele está sem contrato desde o último dia 1º.
“O Márcio é uma pessoa pública, recebe ameaças pela torcida do Botafogo já há algum tempo. Tem lugar que ele nem frequenta por causa disso. Mas ele está muito preocupado com a assistência à família. Tudo que ele pode fazer pela família ele está fazendo”, completou. O advogado das vítimas nega que qualquer tipo de ajuda tenha sido proposta à família do casal atropelado.
O veículo dirigido pelo jogador foi abandonado a cerca de 600 metros do atropelamento, na rua Hermes de Lima, no Recreio. O carro é registrado em nome de uma empresa de produtos hospitalares na qual sei pai, Sérgio, tem sociedade. Marcinho passou a ser suspeito após a Polícia descobrir que, depois de ser periciado no local, o veículo foi rebocado para a garagem do prédio de seu pai, por um guincho da seguradora.
O delegado disse que vai conversar com testemunhas, já identificadas, para confirmar a versão do atleta, de que o casal apareceu repentinamente, fora da faixa de segurança, e que não estava em alta velocidade. Apesar disso, ele chamou de “situação grave” a saída do local, sem prestação de socorro às vítimas.
“Houve fuga, isso eu não vejo como sendo diferente. E isso tudo vai ser levado em consideração no inquérito policial. Houve uma situação grave, uma saída do local”, completou Luxardo, que pretende ouvir testemunhas do acidente nesta terça e na quarta-feira.
“Foi um acidente, foi inevitável. O casal atravessou fora da faixa de pedestres. Estava escuro, a praia estava cheia, ele (Marcinho) não conseguiu frear a tempo. Ele ficou muito assustado na hora, com vidro nos olhos, e ficou com medo de ser linchado porque as pessoas estavam se juntando no local”, afirmou o advogado Gabriel Habib, que representa o atleta.
Vítimas
Maria Cristina José Soares e Alexandre Silva de Lima atravessavam a avenida Lúcio Costa, que percorre uma longa extensão da orla carioca entre as praias da Barra da Tijuca, da Reserva e do Recreio dos Bandeirantes. Eles voltavam da faixa areia após lançarem flores ao mar em oferenda a Iemanjá. Na altura do número 17.170, quando foram atropelados. Alexandre morreu no local e Maria, que tem 66 anos, foi encaminhada em estado grave ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Posteriormente, foi transferida para um hospital particular no mesmo bairro. Lá, foi submetida a uma cirurgia nas duas pernas. Até esta segunda-feira, a vítima estava na UTI, o que impediu que ela fosse ouvida pela polícia.
O advogado das vítimas, Márcio Albuquerque, nega que o atleta esteja prestando auxílio à família: “A gente acompanhou o depoimento do jogador, ele passou a versão dele do caso. O doutor Allan vai ouvir outras testemunhas, ainda tem a questão da perícia. Então vamos aguardar. O advogado deles disse que estão prestando auxílio e isso não é verdade. Até agora nenhum auxílio foi prestado. Vamos aguardar, as pessoas têm que responder pelos seus atos”, afirmou.
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