Os ministros João Otávio Noronha e Luis Felipe Salomão conseguiram tirar da pauta do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a denúncia contra o governador Wilson Lima (PSC), que foi colocada às pressas para apreciação da Corte, mesmo antes do processo sobre a Operação Sangria estar concluído.
“Houve um atropelo. Houve um açodamento nesta pauta. Se terminou o prazo a meia noite e no dia seguinte está pautado, e nós marcamos uma seção às 9h da manhã, houve uma precipitação nessa pauta e evidentemente que nos não podemos julgar, sob pena de nulidade”, ponderou o Ministro Luis Felipe Salomão.
De acordo com o ministro João Otávio Noronha, além de ser um processo complexo, há muitos fatos ainda sendo apurados em novas fazes da Operação Sangria, realizada pela Polícia Federal.
“Parece imprudente de nossa parte. Nós não devemos marcar data, intimar ninguém. Há prazo para o processo ficar pronto. Eu não vejo razão para que nós marquemos data sem que o processo esteja maduro para o julgamento ou para o recebimento da denúncia”, frisou o ministro Noronha.
Diante dos questionamentos dos ministros, o assunto foi tirado da pauta da Corte.
Manobra política
A nova fase operação Sangria no mesmo dia em que um ministro do STJ tenta acelerar o recebimento do processo sobre essa mesma operação da Polícia Federal, que ainda está em curso, surge com a suspeita de haver uma manobra política.
Essa possibilidade foi levantada por comentaristas da GloboNews, logo após as primeiras notícias da operação em Manaus.
“Teve uma reunião no final de semana do tal do G7 (Sete principais senadores da CPI). Esperava-se a participação de Eduardo Braga e ele não participou. E aí, alguns senadores repercutiram essa ausência falando ‘olha, tá estranho Eduardo Braga não vir’. Alguns senadores estavam achando que Eduardo Braga estava mudando e adotando uma postura menos combativa na CPI. Aí, hoje, acontece essa operação que tem como alvo Wilson lima, que é adversário político dele no Estado. E Eduardo Braga é pré-candidato e, de certa maneira, o peso político da operação não deixa de ser interessante para ele”, explicou Julia Duailibi.